Compre um juiz por R$ 750


Sentenças negociadas, tráfico de influência e aposentadorias milionárias: a investigação do Intercept Brasil expõe o submundo da venda de decisões judiciais no país.

Nos últimos anos, o Brasil tem sido palco de diversos escândalos envolvendo a venda de sentenças por parte de juízes e desembargadores. Essas práticas corruptas comprometem gravemente a integridade do sistema judicial e abalam a confiança da população na imparcialidade da justiça. Vamos explorar alguns desses casos marcantes que revelam a extensão desse problema em diferentes regiões do país.

1. São Francisco do Conde, Bahia: O Caso do Desembargador Rubem Dário Peregrino Cunha

Um dos casos mais emblemáticos ocorreu em São Francisco do Conde, Bahia, envolvendo o desembargador Rubem Dário Peregrino Cunha. Ele foi acusado de aceitar suborno no valor de R$ 400 mil para proferir uma decisão favorável a um político local acusado de corrupção. Além do pagamento em dinheiro, o desembargador exigiu um cargo para a namorada de seu filho como parte do acordo. O escândalo veio à tona quando um funcionário da prefeitura gravou uma conversa incriminadora entre o advogado do político e o intermediário do desembargador.

2. Xinguara, Pará: O Caso do Juiz José Admilson Gomes Pereira

Na cidade de Xinguara, Pará, o juiz José Admilson Gomes Pereira foi acusado de cobrar R$ 70 mil por um habeas corpus que garantiu a liberdade de um acusado de assassinato. A investigação revelou que o dinheiro foi pago por familiares do acusado e depositado na conta do irmão do magistrado. Esse caso ilustra como a venda de decisões judiciais pode comprometer gravemente o sistema de justiça e minar a confiança da sociedade.

3. Ceará-Mirim, Rio Grande do Norte: O Caso do Juiz José Dantas de Lira

Em Ceará-Mirim, no interior do Rio Grande do Norte, o juiz José Dantas de Lira foi acusado de participar de um esquema de venda de liminares por valores que variavam entre R$ 750 e R$ 1,8 mil. O esquema envolvia a concessão de liminares para aumentar o limite de crédito de servidores públicos, facilitando a obtenção de empréstimos consignados. O juiz e seu grupo lucravam com a quantidade de liminares concedidas, revelando a extensão da corrupção no sistema judicial.

Consequências e Reflexões sobre a Corrupção no Judiciário Brasileiro

Esses casos evidenciam a gravidade da corrupção no sistema judicial brasileiro e destacam a necessidade urgente de medidas eficazes para combatê-la. A falta de transparência e punição adequada contribui para a perpetuação dessas práticas prejudiciais à democracia e ao Estado de Direito. É fundamental promover uma cultura de ética e integridade no judiciário, fortalecer os mecanismos de controle e punição, e garantir a independência e imparcialidade do Poder Judiciário. Somente assim poderemos restaurar a confiança da sociedade na justiça e assegurar a efetivação dos direitos e garantias fundamentais dos cidadãos.


Um mercado lucrativo:

Valores exorbitantes: De R$ 750 a R$ 400 mil, o preço da justiça varia de acordo com a gravidade do caso e a ganância do magistrado.

Esquemas sofisticados: Propina, nepotismo, tráfico de influência e até mesmo pagamento de aluguel são alguns dos métodos utilizados para corromper juízes e desembargadores.

Tribunais sob suspeita: Nove tribunais estaduais e três tribunais federais estão envolvidos em casos de venda de sentenças.

Alguns exemplos chocantes:

R$ 400 mil por liberdade: Um desembargador da Bahia cobrou essa quantia para livrar um político de uma acusação de corrupção.

Liminares a R$ 750: Um juiz do Rio Grande do Norte vendia liminares em um esquema que beneficiava servidores públicos endividados.

Aluguel pago por escritório de advocacia: Um desembargador de Minas Gerais teve seu aluguel bancado por um escritório em troca de decisões favoráveis.

Punições brandas e corporativismo:

Aposentadoria compulsória: A pena máxima aplicada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aos magistrados corruptos garante-lhes aposentadorias milionárias.

Falta de transparência: Os processos administrativos contra juízes e desembargadores correm em sigilo, dificultando o controle social.

Espírito de corpo: O corporativismo entre os magistrados protege os culpados e impede punições mais severas.

Um sistema falho que precisa ser mudado:

Transparência total: Os processos contra magistrados devem ser públicos para que a sociedade possa acompanhar os julgamentos.

Punições mais severas: A prisão deve ser uma opção para os casos de venda de sentenças.

Independência do CNJ: O Conselho precisa ser fortalecido e ter autonomia para punir os magistrados corruptos.

A investigação do Intercept Brasil é um alerta para a necessidade de uma profunda reforma no Judiciário brasileiro.

A venda de sentenças corrói a confiança na justiça e coloca em risco o Estado Democrático de Direito.



Medidas para combatê-la:

1. Corrupção no sistema judicial: A corrupção no sistema judicial pode ocorrer de várias maneiras, incluindo suborno de juízes ou desembargadores para influenciar decisões judiciais, tráfico de influência, manipulação de processos e venda de sentenças. Essas práticas comprometem gravemente a integridade do sistema judicial e minam a confiança do público na imparcialidade e na justiça.

2. Impacto negativo: A corrupção no sistema judicial prejudica os direitos e as garantias dos cidadãos, enfraquece o Estado de Direito, perpetua a impunidade e favorece a perpetuação de outros tipos de corrupção. Além disso, mina a credibilidade das instituições democráticas e afeta negativamente o desenvolvimento econômico e social.

3. Medidas de combate à corrupção judicial: Para combater a corrupção no sistema judicial, são necessárias medidas abrangentes e eficazes. Algumas estratégias importantes incluem:

   - Implementação de sistemas de transparência e prestação de contas para garantir a integridade e a responsabilização dos magistrados.

   - Fortalecimento dos mecanismos de supervisão e controle interno nos tribunais para detectar e investigar casos de corrupção.

   - Promoção de uma cultura de ética e integridade no sistema judicial por meio de treinamento, educação e sensibilização.

   - Garantia de independência e autonomia do Poder Judiciário em relação a pressões externas, políticas ou econômicas.

   - Estabelecimento de punições severas para os envolvidos em casos de corrupção judicial, incluindo a perda do cargo e processos criminais.

4. Cooperação internacional: A cooperação entre países e organizações internacionais é fundamental para combater a corrupção transnacional e garantir que os responsáveis sejam responsabilizados. Isso pode envolver o intercâmbio de informações, assistência técnica e jurídica mútua, além do apoio à capacitação e ao fortalecimento institucional.

5. Participação da sociedade civil: O envolvimento ativo da sociedade civil, da imprensa e de organizações não governamentais é crucial para monitorar o sistema judicial, denunciar casos de corrupção e pressionar por reformas e medidas anticorrupção eficazes.

Essas são apenas algumas das medidas que podem ser adotadas para combater a corrupção no sistema judicial. É um desafio contínuo que requer o comprometimento de todos os setores da sociedade e a implementação de políticas e práticas robustas e transparentes.


Fonte: The Intercept Brasil

Matéria original: https://www.intercept.com.br/2019/09/29/juizes-desembargadores-venda-sentencas/


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