Revelações de Possível Espionagem Governamental Levantam Sérias Preocupações


A Polícia Federal trouxe à tona recentemente informações alarmantes sobre a utilização indevida de um software espião pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. De acordo com a investigação, a ferramenta, denominada FirstMile, teria sido empregada para invadir a rede de telefonia brasileira, com o intuito de rastrear a localização de celulares, contornando as devidas autorizações judiciais.

O destaque da investigação é um e-mail datado de janeiro de 2020, no qual uma funcionária da empresa Cognyte, responsável pela venda do software à Abin, menciona a busca por métodos alternativos para acessar a rede da operadora Tim, que teria bloqueado as tentativas anteriores da ferramenta. A descoberta desse e-mail reforça as suspeitas de que o FirstMile foi utilizado de maneira imprópria durante a gestão do atual deputado federal Alexandre Ramagem.

A Polícia Federal alega que o FirstMile possibilitava o monitoramento da localização de até 10 mil pessoas anualmente, sem a necessidade de autorização judicial, representando uma clara violação da privacidade dos cidadãos. A lista de alvos potenciais da ferramenta inclui professores, advogados, políticos e jornalistas.

Além disso, a PF afirma que a Abin não apenas se beneficiou das vulnerabilidades da rede de telefonia nacional, mas também encorajou ativamente tentativas de invasão. Essas revelações levantam questões sérias sobre a ética e a legalidade das práticas de inteligência governamental no país.

A análise preliminar dos dados obtidos aponta para cerca de 60 mil usos do FirstMile e 21 mil números de telefone sujeitos a busca pelo software. No entanto, a inconsistência nas tabelas do banco de dados levanta dúvidas sobre a integridade e a possível manipulação dos dados.

A compra do software por R$ 5,7 milhões da empresa israelense Cognyte, sem licitação, no final do governo Michel Temer, também está sob escrutínio. A Polícia Federal estendeu sua investigação ao Exército, que, conforme revelado anteriormente, adquiriu o mesmo sistema.

Diante dessas revelações preocupantes, é crucial que haja uma investigação completa e transparente para esclarecer a extensão do uso indevido do FirstMile pela Abin e potenciais ramificações em outras instituições. A sociedade merece respostas claras e garantias de que práticas que comprometam a privacidade e a legalidade não serão toleradas em nosso país. O caso destaca a importância da supervisão e da regulamentação eficazes das atividades de inteligência para proteger os direitos fundamentais dos cidadãos.

Fonte: UOL

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